O Instituto Cultural Beneficente Steve Biko é
uma organização sem fins lucrativos localizada na cidade de Salvador, na Bahia que tem como uns dos objetivos promover a ascensão da comunidade negra
pela inclusão educacional. O nome Steve
Biko, foi escolhido pela ONG dando homenagem ao líder afrodescendente
sul-africano Bantu Stephen Biko (Steve Biko), um dos maiores idealizadores do
movimento de Consciência Negra.
Um dia, um
adolescente foi expulso da escola Lovedale, em King William’s Town, na África do Sul. A alegação da
direção era “comportamento subversivo”. Foi transferido para outra instituição
na região litorânea de Natal. Terminando o ensino médio, ingressou na Escola de
Medicina da Universidade de Natal, na seção destinada aos negros. Era a década
de 60 do século passado, e o país do jovem estava em plena Apartheid, o
vergonhoso regime de segregação racial comandado pelo governo, então nas mãos
de uma minoria branca. Na faculdade, o caráter contestador do regime de Steve
continuou. Começou a atuar na União Nacional dos Estudantes Sul-africanos. Só
que o grupo também era dominado por minoria branca, e os direitos dos
estudantes negros não eram tão defendidos na prática. Biko saiu dela e fundou a
Organização dos Estudantes Sul-africanos (SASO, na sigla original). Além dos
direitos dos discentes, a SASO providenciava auxílio médico e legal a comunidades negras desfavorecidas, além
de ajudar no desenvolvimento de trabalho em sistema doméstico (o empregador dá
ferramentas e matéria-prima, e a produção pode ser feita em casa).
"A arma mais forte nas mãos do opressor é a mente dos oprimidos" |
Chega 1972, e Biko é co-fundador da Black
People’s Convention (a BPC – “Convenção dos Negros”, em tradução livre),
entidade que trabalhava em projetos de desenvolvimento social nos arredores de Durban e acabou por
reunir 70 diferentes grupos de consciência negra. Foi eleito o primeiro
presidente da organização. Mas o governo segregador já o via com maus olhos.
Tão logo foi eleito líder da BPC, foi expulso da universidade. Começou a
trabalhar em tempo integral em sua missão social.
Biko chamava mais atenção por sua
batalha diária. Suas palavras soavam cada vez mais alto, incitando a população
negra a lutar por seus direitos, cada vez menos respeitados pelas autoridades
segregacionistas. O governo apertava seu controle “antiterrorismo”, e o
“inconveniente” Biko chegou a ser preso quatro vezes entre 1975 e 1977. Na
última, em 21 de agosto de 77, foi detido pelas forças de segurança policiais
em uma blitz. Seguiu-se o “interrogatório” padrão das autoridades da época:
tortura.
De tanto apanhar, especialmente com
golpes na cabeça, o revolucionário ex-estudante de medicina começou a
demonstrar um comportamento apático, “não cooperativo”, segundo os dirigentes
do cárcere. Em 11 de setembro, o rapaz já estava em um estado contínuo de semiconsciência.
O médico da prisão aconselhou que Steve fosse levado a um hospital.
Jogado nu e sem qualquer proteção na
traseira de um Land Rover, Biko foi levado numa viagem de 1,2 mil quilômetros
rumo a Pretória, aos solavancos. No dia seguinte,
chegava ao Presídio Central da cidade, jogado no chão de uma cela fria do jeito
que estava, despido e quase inconsciente.
“O homem está
morto”
Vendo que o prisioneiro não se mexia,
os carcereiros chamaram um médico, não prestando qualquer socorro a ele até que
o profissional chegasse. O médico, ao examinar Biko, só pôde levantar os olhos
para os guardas e dizer: “O homem está morto.” Causa da morte: danos cerebrais.
A comunidade negra sul-africana entrou
em polvorosa. A versão oficial da morte de Biko, proferida pelo então ministro
da Justiça, James Kruger, sugeria que o prisioneiro havia morrido após longa
greve de fome. Mas a grande pressão da imprensa internacional (com Don Woods à
frente das apurações) fez cair por terra a alegação de suicídio. Foi
reconhecido pelo governo, publicamente, que Steve morreu de danos cerebrais
sofridos durante uma briga na prisão, mas ninguém foi responsabilizado, por
conveniente “falta de provas”.
O funeral do ativista atraiu às ruas
centenas de milhares de sul-africanos, num protesto que entrou para a
vergonhosa história mundial da segregação racial.
A morte de Biko agitou o planeta, e
logo ele foi alçado a mártir, inspirando outros a lutar pela igualdade dos
direitos entre negros e brancos. Mas o governo da África do Sul apertou o cerco, e baniu organizações
(principalmente as em que Biko trabalhou) e pessoas que se manifestassem contra
seu abuso de poder.
Ainda assim, a pressão internacional
por providências era grande. Em 1979, uma quantia simbólica (o equivalente a
cerca de US$ 25 mil na época) foi dada como indenização à família Biko, que
passava grande dificuldade. Os três médicos envolvidos no caso da morte de
Steve foram exonerados pelo Comitê de Disciplina Médica da África do Sul, mas
nada aconteceu a eles até um segundo inquérito, em 1985. Os cinco policiais
envolvidos no caso foram anistiados em 1997, durante a Comissão de Verdade e
Reconciliação, ação realizada pelo novo governo sul-africano após o fim da
Apartheid (1994). A família Biko resolveu não recorrer.
Em 2003, em uma tentativa por parte de organizações de luta pelos direitos humanos de o caso ser retomado, o Ministério Público sul-africano deu o
parecer final: confirmou a anistia aos policiais quanto à morte de Biko, pela
ausência de testemunhas. A acusação tentou encaixar os policiais no crime de
lesão corporal seguida de morte, mas o crime, segundo as leis do país, já teria
prescrito (não era mais passível de processo criminal, pelo tempo decorrido).
Filmes: “Um Grito de Liberdade”
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Steve Biko foi torturado e morto por lutar
pelos seus direitos de cidadão e deixou dois filhos. Hoje, o mais velho, seguindo os passos do pai, é presidente da Fundação Steve Biko na África do Sul,
e luta contra a desigualdade racial que ainda é de muita abrangência na atualidade.
Caio Gabriel e
Thiago Castro, alunos da turma 8ª C.
I see that you used my illustration of Steve Biko on your post.
ResponderExcluirWhile I don't mind you using my image at all; I would like it credited.
It's part of a series of quotes I did on famous people. You can read more about the series here: http://zerflin.com/2012/11/07/the-who-said-what-artshow/
Thank you very much!
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Eu vejo que você usou minha ilustração de Steve Biko em seu post.
Embora eu não me importo de você usar a minha imagem em tudo, eu gostaria que ele creditado.
É parte de uma série de citações que eu fiz sobre as pessoas famosas. Você pode ler mais sobre a série aqui: http://zerflin.com/2012/11/07/the-who-said-what-artshow/
Muito obrigado!