terça-feira, 22 de maio de 2012

Tribos da África - Curiosidades


           O continente africano foi o primeiro território a ser habitado e hoje é um dos mais ricos em diversidade cultural. A África abriga diversas tribos e grupos étnicos. Cada um desses grupos e dessas tribos, que podem ser formados por centenas, milhares ou até milhões de pessoas, possuem sua própria cultura, tradições e costumes.
           Esses costumes e tradições chamam a atenção por serem, em muitos casos, curiosos, esquisitos, chocantes e polêmicos. Na cultura das tribos africanas existem várias crenças e rituais, que, na maioria das vezes, são muito distantes da nossa realidade, das crenças e tradições ocidentais.

Tribo Surma
          Essa tribo é composta por um povo isolado no sudoeste da Etiópia e suas mulheres têm como costume o uso de discos de argila em seus lábios inferiores.
          Em ocasiões festivas, também costumam pintar seus corpos. O tamanho do disco é proporcional à grandeza do dote que a família da noiva pode pagar ao noivo. Elas só podem tirar o disco quando não há homens por perto. Para essa tribo, quanto maior o disco, mais bonita e rica é a mulher!
Tribo Ndebele e Padaung

          A Ndebele fica em Lesedi na África. As mulheres que a habitam usam pesadas argolas de metal no pescoço, pernas e braços, depois que casam. Segundo elas, as argolas servem para não fugirem de seus maridos e nem olharem para o lado.
          Na tribo de Padaung, em Burma, as mulheres também têm o mesmo costume e são conhecidas como “mulheres girafas”. O pescoço delas é alongado utilizando anéis metálicos.
          Para o povo Padaung o pescoço é o centro da alma, é a identidade da tribo, por isso protegem muito bem com os anéis feitos de latão e cobre que também são colocados nos pulsos e tornozelos.
          As mulheres retiram os anéis para tomar banho, mas, segundo elas, depois de dez anos contínuos usando essas argolas elas passam a sentir como se fossem parte do seu corpo.

Tribos do vale do Omo
  
          Os habitantes dessas tribos, que ficam no leste da África, usam elementos da natureza para pintar e decorar o corpo. A região possui uma imensa paleta de cores – ocre vermelho, caulim branco, verde cobre amarelo luminoso ou cinzento – que são extraídas de pedras em pó, barro, fruto e plantas. Eles possuem uma criatividade e bom gosto ao escolher formas, texturas e combinar cores que dá inveja em qualquer produtor de moda.

Tribos da Nigéria
          Em algumas regiões da Nigéria, as mulheres fazem escarificações no corpo, marcas feitas com cortes na pele que representam fases importantes em suas vidas. Quando cicatrizam, os cortes ficam parecidos com uma renda. Como elas não usam roupas, as cicatrizes também são estéticas e símbolo de beleza.
As jovens só são consideradas adultas e aptas para o casamento quando toda a sequência de desenhos estiverem completas.


A influência africana na cultura contemporânea brasileira

          Os escravos africanos chegavam ao Brasil através do tráfico negreiro. Ao chegar a seu destino, eram obrigados a trabalhar como escravos em lavouras de cana-de-açúcar, jazidas de metais preciosos, como ouro e diamante em benefício de Portugal. Mesmo tendo que se adaptar aos costumes do novo espaço onde eram obrigados a trabalhar com péssimas condições de vida, não abandonaram suas raízes culturais. Essa “fidelidade” deixou resquícios que contribuíram para a formação atual da diversificada cultura brasileira.
         
Naturalizados pelo animismo, os africanos logo que desembarcavam nos portos eram batizados e recebiam nomes cristãos (João, José, Lucas e etc.) sendo obrigados a seguir a religião da coroa portuguesa, mas muitos mantinham seus cultos africanos escondidos, já que de acordo com a primeira constituição ,promulgada em 1888, o catolicismo era considerado a religião oficial da colônia, sendo outros cultos permitidos desde que não houvessem templos ou locais de adoração.De qualquer forma,as religiões afro-brasileiras continuavam na ilegalidade e sob perseguição uma vez que não eram consideradas religiões pelos europeus.
         
Muitos habitantes do norte da África chegavam ao Brasil cultuando o islamismo. Tais negros desembarcaram principalmente nas cidades de Salvador e compunham o grupo étnico mais perseguido pelas autoridades devido as constantes rebeliões incitadas pelos mesmos.
         
Na época do escravismo, havia também lideres religiosos, os quais acreditava-se que eram capazes de lidar com o sobrenatural. Esses eram os curandeiros, procurados pelos africanos para tratar de alguma doença física ou mental. Acreditava-se também que os mortos agiam para proteger os vivos de doenças e espíritos malignos, uma vez que o elo com os vivos não se rompia após a morte. Tal crença é bem comum no Brasil atualmente.
         
As religiões afro-brasileiras expandiram-se pela sua capacidade de atrair pessoas, inclusive, brancas e livres. A presença dessas pessoas caiu como uma luva, pois aproveitaram desse envolvimento para conseguir respeito e segurança.
         
A expansão do candomblé ocorreu em 1888, porém continuava a ser perseguido por policiais e sofrendo preconceito. Após muita luta contra essa barreira montada pela coroa, a partir de 1976 os candomblés foram permitidos a cultuar seus orixás livremente, sem preocupações ou restrições. Essa expansão e consequente liberação de culto resultaram na adoção do candomblé como religião oficial por parte de grande numero de brasileiros, em torno de três milhões habitantes.

          Na época da escravidão, a arte e a religião estavam muito ligadas uma com a outra. Na África, cada Orixá tinha suas cores, suas músicas, suas danças e tudo isso tinha um significado e fazia parte de determinados rituais. Para quem não sabe, Orixás são semideuses criados pelo deus supremo Olorun, para proteger todos os elementos da natureza. Os artistas africanos usavam sua criatividade para pintar e esculpir imagens de Orixás e divindades, já que as pinturas e esculturas dos deuses e semideuses (Orixás e divindades) não seguiam uma forma padrão. Mas não é porque os artistas africanos podiam usar a criatividade, que eles iam pintar qualquer coisa para representá-los. Os africanos tinham de ser fiéis as características e feições mágicas de cada divindade e Orixá.
          Muitas igrejas no estado de Minas Gerais foram ornamentadas por pintores, entalhadores e douradores africanos. Executavam um trabalho manual, e já que havia muito preconceito nessa época, a maioria da população recusava essas atividades. Com isso, muitos escravos brilharam com seus talentos e criatividade. Alguns ficaram famosos esculpindo imagens de santos, santas e anjos. Como exemplo temos Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila Rica, hoje conhecida como Ouro Preto, Minas Gerais. Lisboa era filho de um mestre de obras português e de uma escrava africana. Por questão de uma doença que comprometeu o movimento de suas mãos e seus pés, Lisboa pintava e esculpia com as ferramentas amarradas nas mãos. Após essa doença, Lisboa ficou conhecido como Aleijadinho. Mesmo ficando famoso, Aleijadinho morreu pobre e abandonado.
          Outro escultor e pintor famoso foi Valentim da Fonseca e Silva, que também era filho de mãe escrava. Valentim realizou vários trabalhos de talhas douradas em igrejas cariocas. Assim como Aleijadinho, introduziu inovações na forma de pintar e esculpir, não se submetendo aos modelos de representação europeus.


          Havia também escravos e filhos de escravos que se tornavam músicos no interior das igrejas. Muitos desses músicos fizeram fama em Minas Gerais. Um deles foi Antônio de Sousa Lobo, que se destacou como grande compositor no século XVIII,e seu grupo de músicos havia até um lugar certo onde tocar, que eram em grandes festas em Vila Rica. Como sempre, havia os preconceituosos que falavam que os africanos usavam as músicas sacras introduzindo elementos da musicalidade africana.
          Com todas essas obras africanas, não foram só as igrejas que passaram a comprá-las, os governos e particulares também passaram a comprar com frequência muitas obras feitas por artistas africanos para decorarem suas mansões. Além disso, foi aberta no Rio de Janeiro, uma academia de artes, mas, poucos africanos conseguiram entrar para essa academia. Entre eles estão os irmãos João Timoteo da Costa e Artur Timoteo da Costa, Antônio Rafael Pinto Bandeira, Horácio da Hora, entre outros.
          Após o fim da escravidão, o panorama da arte brasileira mudou bastante. Uma grande mudança foi que houve uma maior aceitação nas academias de artes. Muitos artistas negros e brancos foram conquistando liberdade de expressão, inclusive de dialogar sobre as temáticas e influências africanas.

Abaixo falaremos um pouco sobre dois artistas que representaram os novos tempos:
  • Heitor dos Prazeres – Nasceu no Rio de Janeiro. Era cantor, compositor e pintor. Sambas e marchinhas compostas por ele ganharam projeção nacional. Foi após a morte de sua esposa que Heitor começou sua carreira de pintor, tendo assim, um reconhecimento internacional. Suas obras mostravam os morros cariocas e o samba com tons fortes.

  • Deoscóredes Maximiliano dos Santos – Nasceu em Salvador, Bahia. Era artista plástico, escritor e sacerdote afro-brasileiro. Suas obras estavam cheias de sentidos e visões do sagrado. Reconhecido mundialmente, suas obras representam os valores civilizatórios da cultura e da religiosidade afro-brasileira.

Olodum


          Olodum, o maravilhoso grupo de Salvador que melhor representa suas origens na África com seus tambores, encantou não apenas o Brasil, mas como também o exterior. O bloco-afro Olodum nasceu em 1979 no Pelourinho em Salvador. O diretor cultural Nelson Mendes fala que seu movimento “... significou o renascimento do Pelourinho, que estava completamente abandonado pelos órgãos públicos".
          O Olodum chegou a se transformar em uma ONG já que desenvolveu seminários e exibições de filmes voltados aos afro-decendentes.

 "Nos denominamos afro-brasileiros por sermos descendentes africanos nascidos no Brasil", fala o diretor cultural. E acrescenta que "queremos mostrar uma cultura africana não colonizada".

          Seus três pilares são: música, cultura e educação. Os jovens de baixa renda que poderiam se perder nas drogas acham no grupo uma saída, e por isso devemos valorizar o trabalho desse incrível grupo.






Outros videos interresantes sobre a cultura afro-brasileira:


Intercâmbio Cultural

A seguir uma entrevista exclusiva com Rogério Borges, 45, engenheiro, que há alguns anos atrás viveu em Angola por um período de dois anos. Nessa breve texto, estão curiosidades, semelhanças e diferenças entre a nossa cultura e a cultura africana.

Turma C: A cultura africana ainda está presente no dia-a-dia de todos os cidadãos africanos?

R.B.: SIM. A cultura africana permanece viva na música, na culinária e na dança.

Turma C: Ao voltar para o Brasil, o senhor notou grandes diferenças entre as culturas brasileiras e africanas?
 
R.B.: SIM, apesar da grande influência da cultura africana na cultura brasileira, nós brasileiros temos mais acesso a outras culturas e, portanto uma maior diversidade cultural.

Turma C: E as semelhanças?
 
R.B.: A SEMELHANÇA ENCONTRA-SE BASICAMENTE NA RAIZ DA INFLUÊNCIA CULTURAL, MANTIDA AINDA ESSENCIALMENTE NA BAHIA (culinária com uso de dendê, capoeira como arte, e a musicalidade sempre com ritmos dançantes e letras alegres e populares)

Turma C: Conte-nos curiosidades que o senhor percebeu durante a sua estadia na Angola.

R.B.: Estive particularmente em Angola, e lá se tem o costume de poligamia, ou seja, um homem casando com mais de uma mulher e mantendo mais de uma família.  É comum a existência de dote por parte do pretendente a toda família da noiva, e normalmente os presentes são exigidos por carta. Outra curiosidade se dá no uso de trajes típicos de forma corriqueira, principalmente as mulheres que usam turbantes e "bubus", um modelo de camisa estampada, colorida e bastante comprida.
E por fim, mais duas curiosidades: os velórios são verdadeiras festas, e a relação de amizade entre os homens é algo muito forte e tratada com muita seriedade e franqueza, eles fazem questão de andar de mãos dadas para demonstrar o quanto são amigos de verdade.